Esse mês tem sido um momento histórico na democracia brasileira. A
partir do aumento de 0,20 centavos na tarifa de ônibus de São Paulo, movimentos
do MPL – Movimento a favor do Passe Livre, organizaram diversas passeatas em
prol de sua causa. Logo a polícia reagiu com agressividade, causando espanto e
indignação. Misteriosamente, não só o pessoal desse mesmo movimento ficou
indignado. Logo a comoção foi nacional, e centenas de manifestos surgiram em
diversos cantos e capitais do Brasil, centenas de milhares foram às ruas em
questão de poucas semanas, em apoio aos manifestantes do MPL e principalmente
em prol de um Brasil melhor. Movimento assim foi apenas registrado há mais de
20 anos, nas campanhas “Fora Collor”.
Estampado na capa de jornais de todo o mundo, o movimento deu o que
falar. Inclusive pressionou o congresso contra diversas PEC’s (Propostas de
Emendas Constitucionais) e Projetos de Lei. Causou uma comoção, também, em
respeito aos militares por serem incumbidos de dissipar diversas manifestações
por meio de força.
Em meio a tantos acontecimentos, também devemos citar que muitos
movimentos acabaram em agressões e vandalismo, infelizmente, por manifestantes
mais exaltados. Mas acho que essa é uma questão difícil de julgar, porque há
várias moedas e cada uma tem vários lados. Portanto, creio que devemos lembrar
esse momento como uma manifestação de cansaço por parte da população, que após
sofrer pela má condição de nosso sistema de Saúde, pelo mau funcionamento da
nossa burocracia, pela corrupção estagnada em nossa política, quer também ter
sua voz ouvida. Quer ter a liberdade de mostrar insatisfação. E por isso,
talvez, esse é um dos momentos que marcam nossa democracia, um momento que gera
uma infindável reflexão sobre nosso sistema político, econômico e social.
E talvez,
pensar sobre tudo isso é a maior vitória que teremos. Pensar.